A Dança da Paz
A dança é arte antiga; antecede a música e mesmo a fala.
Imitação dos pássaros é movimento que expressa a determinação de estar junto de alguém; sem motivos, salvo o de compartilhar alegrias. É gesto sincero de reconhecimento do outro.
A Dança da Paz nasceu quando sua criadora, Miriam Dascal, estava dormindo e, repentinamente, viu-se no Egito promovendo a união entre povos acostumados a cismas e litígios; ela acordou e esqueceu o sonho que teve. Poucos dias depois, foi convidada a participar de um ato em favor da pacificação dos ânimos.
O sonho voltou forte e realizou-se na forma de uma dança de roda, onde os dançadores se unificam pelo toque dos dedos indicadores, enquanto seus corpos vão desenhando uma teia.
Dançarinos podem ser cegos ou surdos; mas é impossível prescindirem da pele – órgão que interliga dois reinos: o do corpo/eu/dentro e o do mundo/outro/fora. Os dedos indicadores representam esta pele; são extensões de uma linha conectada ao coração.
A Dança da Paz se propõe a fermentar leis, hábitos e razões severas a fim de transmudá-las em sensações e destinos mais leves, belos e positivos.
Não tem coreógrafo, não tem chefe: é construção coletiva, expressão grupal, agitação comunitária.
Sua meta é simples: facilitar o desfrute do próprio corpo em companhia de muitos. Quer criar amizades, fazer esquecer a rudeza e as mágoas.
Ela deve acontecer ao ar livre; embaixo do céu, pés pisando na terra. Sua única meta é a vivência e a expansão de energias da matéria e da alma.
Pode ter música. Talvez um cello, um bumbo, uma flauta, um violão. Alguém pode cantar. Todos podem cantar.
Pode não ter. Talvez apenas o vento, um cão latindo, uma buzina… Também é preciso transmudar os sons da vida urbana. Dura, meia-hora, 40 minutos.
Importante: a paz que se busca não nasce de contratos, sempre efêmeros. A nossa paz é fruto de um modo de existir.