III Coloquio Internacional Corpo e Cultura de Movimento
28/09/12
8h-10h- Oficinas
Oficina 1: Auto-regulação (Maurizio Stupiggia/ Escola Italiana de Biossistêmica)- 25 vagas
Oficina2: Eutonia (Prof. Ms. Miriam Dascal/ AANGA – Arte- Educação do Movimento/SP)- 25 vagas
10h30- 12h30 – Mesa-redonda: A escuta do corpo
Dr. Perisson Dantas- IPS/NATAL
Ms. Miriam Dascal - AANGA – Arte- Educação do Movimento/SP
Artigo sobre “A Escuta do Corpo” por Miriam Dascal, Anais do III Coloquio Internacional Corpo e Cultura de Movimento
A ESCUTA DO CORPO
Miriam Dascal Aanga Arte- Educação do Movimento
‘meu corpo não é meu corpo. É ilusão de outro ser, sabe a arte de esconder-se e é de tal modo sagaz que a mim de mim se oculta C. Drumond de Andrade
Você sente teu corpo? que regiões do teu corpo você sente mais?O teu corpo te diz algo ou nada diz?
A escuta do corpo, o que seria?
Voltar-se para o corpo sensível, o corpo que sente, o corpo que está se buscando, o corpo que presta atenção em si mesmo, o corpo que não precisa estar doente para escutar-se, nesse caso a escuta vem por causa da dor, da doença , do desagradável, e porque não, por causa do prazer e da alegria?
A existência nossa é toda essa respiração, exalamos o que recebemos de fora e emanamos o que está dentro- há uma relação contínua do meio interno e do meio externo, este vem e vai é também o movimento da nossa pele.
A pele formada na camada mais externa por um tecido celular embriônico o ectoderme, é o mesmo tecido que forma o cérebro,”compreende-se assim essa inter-relação entre a pele e o sistema nervoso. São constituídas da mesma matéria : nossa inteligência e sensibilidade encontram-se também nas camadas superficiais do nosso corpo, tanto o mais interno quanto o mais superficial no nosso corpo são dotados de inteligência “ (Dascal, Miriam), podemos assim afirmar que nossa inteligência e sensibilidade está na nossa pele.
A pele, maior órgão do corpo, é um órgão da comunicação, o nosso contato está em nossa pele e, muitas vezes bloqueamos nossos sentidos e sentimentos e não nos permitimos escutar e portanto expressar o que sentimos.
O sentir é também a capacidade de consentir, con-sentir, estar nesse movimento de troca , é admitir o saber do corpo , esta sabedoria não é apenas a razão que dá , nos conhecemos através das sensações, pela sensibilidade do corpo. Este saber seria um encontro consigo mesmo, se pertencer, reconhecer a própria consistência interna.
O nosso corpo contem todo o universo, tanto o micro como o macro cosmo estão contidos nele, o que esta dentro está fora, o que está fora está dentro. Esta concepção de corpo é diferente do ideal platônico, onde vivemos metaforicamente numa caverna e só enxergamos sombras, pois nos coloca distante da nossa própria potencia, ou como concebe o dualismo cartesiano, no qual a mente é a única fonte de conhecimento. Seguimos a noção fenomenológica desenvolvida por Merleau Ponty onde o corpo não é um feixe de funções mas uma unidade indissolúvel de infinitas conexões com o mundo e a vida , onde o corpo , opondo-se à perspectiva mecanicista da filosofia e das ciências tradicionais não é coisa , nem idéia, o corpo está vinculado à motricidade, à percepção , à sexualidade, à linguagem, ao mito, ao sensível e ao invisível. (Dascal, Miriam) .
Esse corpo que somos, que é um todo integrado, onde nossa pele contem inteligência e sensibilidade , fonte de nossos afetos, no afetar e ser afetado, esse corpo sensível ao permitir se escutar, se torna único e universal, fonte de sabedoria e criatividade.
Palavras chave: escuta, corpo sensível, pele.
Bibliografia:
Dascal, Miriam .Eutonia, o Saber do Corpo,São Paulo,Editora SENAC,2008
Montagu , Ashley.Tocar : O significado humano da pele, São Paulo, Summus. 1988
Ponty,Maurice Merleau . Fenomenologia da Percepção,São Paulo, Martins fontes 1999